De acordo com um estudo recente, o cérebro dos gatos pode ser a chave para compreender a deterioração cognitiva nos humanos, uma vez que o cérebro destes animais envelhece de forma semelhante ao das pessoas, apresentando atrofia e declínio cognitivo comparáveis aos observados em pessoas mais idosas.
Estes resultados, apresentados na Lake Conference on Comparative and Evolutionary Neurobiology, indicam que os gatos podem ser modelos-chave para o estudo de doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer.
O projeto Translating Time, criado na década de 1990, tem vindo a estudar o desenvolvimento do cérebro em mais de 150 espécies de mamíferos, tendo recentemente expandido os seus parâmetros de análise ao incluir a investigação sobre como o cérebro dos animais envelhece Como parte desta expansão, a equipa de investigação lançou o Projeto Catage, uma iniciativa que compila dados sobre a saúde dos gatos.
Neste projeto, os tutores enviam os registos médicos dos seus animais, de forma que os cientistas analisem como os seus cérebros envelhecem em relação aos humanos.
Até o momento, a equipa recolheu milhares de registos de saúde felinos e realizou mais de 50 exames cerebrais em gatos de várias idades.
A equipa de investigação concluiu que, um gato de um ano é aproximadamente equivalente a um humano de 18 anos, mas no ano seguinte, um gato envelhece apenas cerca de 4 ‘anos humanos’, para se tornar tão maduro quanto uma pessoa de 22 anos. Aos 15 anos, um gato é um octogenário em anos humanos.
Segundo o estudo, foi a rondar esta idade alguns gatos experimentaram declínio cognitivo e os exames cerebrais revelaram mudanças no volume cerebral em gatos mais velhos, que são semelhantes às verificadas em humanos mais velhos.
Os cientistas também explicaram o porquê de os gatos serem uma melhor opção do que ratos no que toca a estudos de neurociência. Segundo os mesmos os ratos têm uma vida útil demasiado curta para acumular os danos cerebrais que provocam doenças neurodegenerativas nos seres humanos, ao contrário dos gatos e certos primatas não humanos, que permitem assim obter informações mais precisas sobre este tipo de doenças cerebrais.
“Os animais de companhia, por viverem e partilharem um ambiente semelhante ao dos seus tutores, oferecem uma oportunidade única para estudar como o ambiente e o estilo de vida influenciam o envelhecimento”, explicam os investigadores, salientando ainda que, apesar das semelhanças dos gatos com os humanos nesta área, não existe nenhum modelo de investigação com base a animal que explique o complexo processo de envelhecimento.
Os responsáveis pelo estudo afirmam também que os avanços obtidos no que toca ao envelhecimento cerebral felino podem marcar um antes e um depois na investigação sobre doenças neurodegenerativas, impulsionando a criação de tratamentos mais eficazes para doenças humanas relacionadas com a idade.
Segundo os cientistas, “embora os gatos sejam promissores”, são necessários outros sistemas modelo para complementar este estudo e oferecer uma visão mais ampla do envelhecimento e dos seus efeitos no cérebro.