Uma nova investigação revela que cães treinados conseguem detetar carcinoma urotelial na urina de outros cães com alta precisão. Este avanço abre portas para a utilização de métodos diagnósticos não invasivos na medicina veterinária, revolucionando a forma como determinados tipos de cancro em cães podem ser identificados.
O estudo Trained dogs can detect canine urothelial carcinoma of the bladder, levado a cabo por investigadores britânicos, desenvolveu a análise com três cães previamente treinados para detetar cancro em humanos, demonstrando uma taxa de 80% de sensibilidade e 91,7% de especificidade na identificação do carcinoma urotelial. O carcinoma urotelial, que afeta o trato urinário e é comum em raças como o West Highland White Terrier, muitas vezes é diagnosticado em estágios avançados. Os métodos convencionais, como biópsias e exames de imagem, são invasivos e podem tornar-se mais dispendiosos, mas o uso do olfato canino oferece uma alternativa mais simples, acessível e capaz de detetar a doença em fases mais precoces.
O poder do treino
O estudo destaca a importância do treino adequado para superar os desafios associados ao interesse inato dos cães em cheirar a urina, um comportamento natural utilizado na sua comunicação social e reprodutiva. Através de um treino sistemático, os animais aprenderam a identificar amostras de urina contendo sinais do cancro. Essa habilidade foi aplicada em testes que envolveram urina de cães saudáveis, cães com doenças urinárias não malignas e cães com carcinoma urotelial confirmado.
Os investigadores destacaram que a urina é um meio ideal para a triagem, sendo mais fácil de recolher em grandes quantidades e menos invasiva que outras amostras, como a saliva. Essa abordagem é especialmente útil para cães com medo ou problemas comportamentais, que podem dificultar outros tipos de exames.
Um futuro promissor
Além da sua precisão, o estudo indica que o método tem potencial para transformar o diagnóstico veterinário. A identificação precoce do carcinoma urotelial pode melhorar significativamente os prognósticos e ampliar as opções de tratamento disponíveis. Os resultados também abrem possibilidades para aplicar a técnica a outros tipos de cancro canino.
Os cientistas acreditam que, com avanços futuros, será possível treinar cães para alcançar níveis ainda maiores de precisão, consolidando seu papel como aliados na medicina veterinária.